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sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Apresentação na Cidade de Deus

Essa foi a primeira vez que estive lá. Quando cheguei, a sala estava cheia e as crianças pareciam não acreditar no que estavam vendo. Queriam tocar no vestido, na peruca, no meu rosto, ficavam me olhando como se eu fosse de outro mundo, mas to acostumada com isso.. Quando saio do projeto e vou comer em algum lugar (fantasiada) as pessoas também me olham como se eu fosse de outro planeta! rs

Percebi que alguns padrões se repetem entre as crianças, por exemplo, a idade das crianças que participam das apresentações varia bastante e os meninos são SEMPRE muito tímidos no início, principalmente os mais velhos.

Comecei a contar e tive a agradável surpresa: as crianças se comportaram MUITO bem. Foram educadíssimas e não atrapalharam a contação da história em nenhum momento!

Eu não nasci em uma família rica. E não sou rica, muito menos classe média alta, acho que nem classe média eu sou! Mas minha visão da vida era tão deturpada. Quando dei por mim, e vi a realidade, era como se eu fosse nascida em berço de ouro, me sentia tão superior e ignorante.

O projeto me abriu os olhos para um mundo novo, para uma quebra de pré-conceitos medíocres que eu sequer sabia que possuía. Sabem, eu achava que as pessoas que moram na favela são pobres coitados, que precisam de serviço assistencialista pra se sentirem gente, que as crianças eram burras e ignorantes, que elas tivessem limitações para aprender, para ir além do que esperamos dela.

Gente, a burra era EU! A ignorante era EU!

Cada comunidade que eu entro tenho mais certeza de minhas novas convicções. Que prazer eu sinto em conhecer essas crianças, em ver como são educadas e inteligentes. Como são capazes, como são amorosas! Como eu fui preconceituosa, meu Deus, que bom que o Senhor abriu os meus olhos e o meu coração e me livrou de toda aquela ignorância!

As crianças da CDD, como muitas outras de outras comunidades, me surpreenderam com sua educação e me presentearam com suas gargalhadas e sorrisos sinceros. Com seu carinho espontâneo, com sua curiosidade em ver se eu tenho cabelo em baixo da peruca.. rs São fofos, querem saber TUDO, nos mínimos detalhes.

E na hora da valsa, como não poderia ser diferente, nenhum rapazinho quis me dar o prazer da dança, mas eu dancei com outra princesa e fui beijada e acordada de meu sono profundo por uma terceira princesinha!

Ao final da segunda história, brincamos de forca e adoletá. Depois conversei por um tempo com elas e fui embora. Quando entrei no carro, elas vieram correndo na minha direção e eu tomei um susto, achei que fossem tentar entrar no carro. Abri a porta e perguntei se elas queriam alguma coisa e uma disse:
-Eu até quero te dar mais um beijo, Tia, mas a gente veio correndo foi pra te falar que o seu vestido estava preso pro lado de fora da porta!

Não são fofos?!

Desejo voltar à CDD em breve, já faz um tempo que não vou lá.

Seguem abaixo, as fotos da apresentação.









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