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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Doações para a Unidade de Reintegração Ayrton Senna

Bom, para voltar com tudo ao blog, publicarei aqui uma lista do que precisamos na Unidade de Reintegração Ayrton Senna (não, essa não é a da irmã do Ayrton Senna, o nome é apenas uma homenagem). Recebemos ajuda da prefeitura, que nos dá muito apoio, entretanto, estamos precisando muito dos itens da lista abaixo:


- 10 conjuntos de mesa com quatro cadeiras para refeitório
- 25 armários de aço com duas portas
- 20 mesas de escritório e cadeiras
- 12 sofás de dois lugares
- 10 sofás de três lugares
- 12 berços
- 08 beliches
- 08 camas de solteiro
- 30 cadeiras empilháveis
- 08 armários de aço de 8 portas
- 03 cadeiras para amamentar
- 45 ventiladores de parede (super-turbo)
- 09 ventiladores de pé
- 14 geladeiras
- 12 televisões
- 02 fogões industriais de 4 bocas com forno (para gás de rua)
- 02 freezers horizontais
- 01 máquina de lavar industrial
- 04 máquinas de lavar doméstica – 10kg
- 01 secadora – 10kg
- 10 purificadores de água
- 2 bebedouros
- 12 varais de pé


Ainda que vocês queiram doar qualquer coisa, por favor, entrem em contato. Brinquedos, roupas, e outros acessórios serão muito bem-vindos. 




O que já conseguimos:


- 1 sofá de quatro lugares
- 1 purificador de água - doado pela escola SEFA, do Méier.
- 1 varal de pé


Beijos a todos.
Mimi
Olá, gente. Bom dia! 

Primeiramente quero deixar claro que não parei com meu projeto! Aconteceram muitas coisas nos últimos meses, algumas inclusive me impediram de frequentar algumas comunidades, o que me deixou muito abalada. Além disso, enlouqueci com as provas da faculdade, fiquei doente, enfim, mil coisas aconteceram ao mesmo tempo.

Dado ao fato de eu ter que ficar temporariamente fora das comunidades, ainda que pacificadas, eu dei um jeito de dar continuidade ao meu trabalho com crianças carentes, e fui me voluntariar na Secretaria Municipal de Assistência Social.

Ao apresentar meu projeto ao Secretário, ele mostrou interesse imediato, entretanto, preferiu me contratar pois os voluntários costumam aparecer e desaparecer, se é que me entendem.

Por fim, pedi demissão de onde eu estava e fui trabalhar na Sec. com crianças de todas as faixas etárias e que demandam todo o tipo de atenção.  

Iniciei meu trabalho na Casa Viva e lá aprendi muito. É um lugar complicado devido ao fato de ser um abrigo para menores viciados em crack, entretanto, a dedicação dos funcionários é total. Porque para trabalhar ali, não basta você ser profissional, você tem que se dedicar de verdade, trabalho meia-boca não funciona, não surte efeito, ali você tem que se afeiçoar às crianças, gostar delas de verdade, porque se não for assim, você não aguenta viver naquele cotidiano. A entrega dos funcionários é total. São pessoas altamente gabaritadas e esforçadas, e as crianças, embora muitas vezes se entendam como adultos (devido a experiências passadas), são apenas crianças, cada uma com a sua doçura, com uma dura história de vida e com muita vontade de ter uma vida nova.

Durante o tempo que fiquei lá, promovi uma campanha de arrecadação de roupas, sapatos e roupas de cama, na UERJ, com o apoio do Reitor Ricardo Vieiralves e do Prefeito do Campi. Conseguimos arrecadar duas vans da prefeitura LOTADAS de doações, que inclusive foram distribuídas para outras casas de abrigamento.


Hoje, faço parte Unidade de Reintegração Ayrton Senna, que abriga crianças de todas as idades, dos bebês aos adolescentes. Aqui, continuo o meu trabalho de incentivo à leitura mas pra mim ainda é pouco. Pretendo alcançar mais crianças ainda!

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Primeira apresentação no Andaraí





Essa apresentação foi muito importante pra mim. Não esperava ver as crianças reagirem como reagiram, mais para frente vocês entenderão o por que.

Esse era o mês de março, onde temos o dia internacional da mulher, então resolvi contar a história da Bela e a Fera, utilizando o exemplo da Bela como uma mulher inteligente, educada, batalhadora, amiga e o mais importante de tudo, ela dá valor à beleza interior, não a exterior.


As crianças não me conheciam bem, permaneceram caladas boa parte do tempo. Ao final da primeira história, como de costume, vieram me abraçar e me beijar, ver se eu era real. Rs


Daí iniciei uma outra história, um conto da Clarice Lispector chamado “O mistério do coelho pensante”. Quando terminei a história, perguntei às crianças se elas conheciam a autora e elas responderam negativamente. Quando eu contei que ela era Tijucana, quando contei a vida sofrida que teve, a perda dos pais, sua luta pela subsistência, quando contei como ela foi guerreira e como é reconhecida mundialmente, gente, os olhos da crianças brilhavam! Era como se as crianças reconhecessem a Clarice como uma delas. Era como se acendesse uma luz na cabecinha deles e pensassem: Ei, espera aí, eu posso ser uma Clarice também!

Eu não tenho a intenção de mentir, de enganar as crianças, mas eu acredito fielmente no potencial delas porque são crianças inteligentes e espertas. Incentivá-las a ler não é só importante para que elas se desenvolvam bem na escola. A leitura nos leva a mundos novos, ao conhecimento de histórias belíssimas, nos ajuda a compor nossos sonhos e sonhar é muito bom, não é?!

As apresentações costumam ser marcantes pra mim. Sempre saio de lá com algum aprendizado, com alguma cena ou pedido que não vai sair da minha cabeça, mas aquele olhos brilhantes.. ah, aqueles olhos eu não vou esquecer mais!





sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Apresentação na Cidade de Deus

Essa foi a primeira vez que estive lá. Quando cheguei, a sala estava cheia e as crianças pareciam não acreditar no que estavam vendo. Queriam tocar no vestido, na peruca, no meu rosto, ficavam me olhando como se eu fosse de outro mundo, mas to acostumada com isso.. Quando saio do projeto e vou comer em algum lugar (fantasiada) as pessoas também me olham como se eu fosse de outro planeta! rs

Percebi que alguns padrões se repetem entre as crianças, por exemplo, a idade das crianças que participam das apresentações varia bastante e os meninos são SEMPRE muito tímidos no início, principalmente os mais velhos.

Comecei a contar e tive a agradável surpresa: as crianças se comportaram MUITO bem. Foram educadíssimas e não atrapalharam a contação da história em nenhum momento!

Eu não nasci em uma família rica. E não sou rica, muito menos classe média alta, acho que nem classe média eu sou! Mas minha visão da vida era tão deturpada. Quando dei por mim, e vi a realidade, era como se eu fosse nascida em berço de ouro, me sentia tão superior e ignorante.

O projeto me abriu os olhos para um mundo novo, para uma quebra de pré-conceitos medíocres que eu sequer sabia que possuía. Sabem, eu achava que as pessoas que moram na favela são pobres coitados, que precisam de serviço assistencialista pra se sentirem gente, que as crianças eram burras e ignorantes, que elas tivessem limitações para aprender, para ir além do que esperamos dela.

Gente, a burra era EU! A ignorante era EU!

Cada comunidade que eu entro tenho mais certeza de minhas novas convicções. Que prazer eu sinto em conhecer essas crianças, em ver como são educadas e inteligentes. Como são capazes, como são amorosas! Como eu fui preconceituosa, meu Deus, que bom que o Senhor abriu os meus olhos e o meu coração e me livrou de toda aquela ignorância!

As crianças da CDD, como muitas outras de outras comunidades, me surpreenderam com sua educação e me presentearam com suas gargalhadas e sorrisos sinceros. Com seu carinho espontâneo, com sua curiosidade em ver se eu tenho cabelo em baixo da peruca.. rs São fofos, querem saber TUDO, nos mínimos detalhes.

E na hora da valsa, como não poderia ser diferente, nenhum rapazinho quis me dar o prazer da dança, mas eu dancei com outra princesa e fui beijada e acordada de meu sono profundo por uma terceira princesinha!

Ao final da segunda história, brincamos de forca e adoletá. Depois conversei por um tempo com elas e fui embora. Quando entrei no carro, elas vieram correndo na minha direção e eu tomei um susto, achei que fossem tentar entrar no carro. Abri a porta e perguntei se elas queriam alguma coisa e uma disse:
-Eu até quero te dar mais um beijo, Tia, mas a gente veio correndo foi pra te falar que o seu vestido estava preso pro lado de fora da porta!

Não são fofos?!

Desejo voltar à CDD em breve, já faz um tempo que não vou lá.

Seguem abaixo, as fotos da apresentação.









domingo, 4 de setembro de 2011

A Bela Adormecida na Providência

Bom, depois de feito os seguintes esclarecimentos a respeito do projeto, hoje vou falar da minha ultima apresentação na Providência, que foi no último sábado do mês passado (agosto-11).


A UPP estava lotada. Eu já havia me apresentado a um número de crianças superior ao desse dia, e foi até lá mesmo, mas nesse dia elas estavam muito alvoroçadas!


 Antes de começar as histórias, nós fizemos uma ginástica facial com direito a muitas caretas e depois alongamos os braços e o corpo. Depois inventei a ginástica das vogais, onde a gente fazia careta, de novo rs, e falava uma vogal por vez. As crianças estavam super afiadas!


Contei duas histórias, a da Bela Adormecida e a da Cigarra e a Formiga. Tinha um menininho que não me deixava contar a história de jeito nenhum e sempre pulava pra parte do beijo na princesa! Pelo menos ele sabia bem o final da história.. Algumas vezes, conforme vou interagindo com eles, eu vou abaixando devagar pra falar baixinho, mas dessa ves eles me puxaram pra cima deles e fizeram montinho em mim! Na terceira vez eu desisti de me abaixar.. eu sequer tinha forças pra levantar de novo!


No final, as crianças vieram correndo me abraçar e eu já ía caindo de novo quando a Patrícia teve a brilhante idéia de fazer uma fila pra beijar a princesa.


Por sorte gravaram um pedacinho disso e eu vou postá-lo aqui.


Depois de toda a bagunça que fizemos, O Cap Glauco nos trouxe Big Macs de graça, olha que beleza! Com direito a refri e tudo!




























Explicando como tudo começou.

Decidi criar este blog, para usá-lo como ferramenta onde poderei “documentar” o projeto que venho desempenhando há quase um ano nas comunidades cariocas pacificadas pelas Unidades de Polícia Pacificadoras.


Em outubro, o projeto completará um ano na comunidade da Providência, onde eu o iniciei, mas é interessante dizer que ele foi criado muito, muito antes de eu sequer começar a estudar o curso de Pedagogia na UERJ, em 2008.


Eu sempre gostei de crianças, e o mundo da fantasia sempre fez parte da minha vida, como parte de mim, como parte do que eu sou.  Quando descobri o teatro e comecei a fazer peças infantis, conheci um mundo novo e partir dele, tudo mudou.


Depois de ter a experiência de ser mãe, optei por estudar o curso de Pedagogia e me dedicar à área da educação, sempre utilizando o lúdico não só como ferramenta mas também como prerrogativa educacional dos pequeninos.


Meu marido insiste em dizer que têm pessoas que nascem propostas a fazerem boas ações e outras simplesmente nunca farão como se algo além da boa vontade as impossibilitassem. Como se apenas se tornasse voluntário quem nasceu para sê-lo. Eu não acredito nisso.  Ser voluntário não é simplesmente decidir ser. É ter boa vontade de doar parte do seu tempo em fazer algo bom que não seja para você, que não te dê retorno. É querer ser agente social de transformação da nossa comunidade, do nosso bairro, e quem sabe até do nosso mundo.


Hoje, o projeto contempla muitas outras comunidades além da Providência. Ele ocorre duas vezes ao mês, na maioria delas aos sábados. Todo o material utilizado no mesmo é custeado por mim, como as perucas, vestidos, livros e etc. E seu Deus quiser, muito em breve, receberei um patrocínio (está quase certo), assim poderei comprar lanche, livros e o material necessário para dar continuidade ao projeto e fazê-lo crescer. 


Uma pessoa foi essencial para que eu pudesse colocar o Projeto Borboletinha em prática, e essa pessoa se chama Glauco Schorcht, ele é capitão da Polícia Militar e atual comandante da UPP da Providência. Foi para ele que eu apresentei o projeto, já com toda a estrutura pronta para coloca-lo em prática e ele me deu o sim e me ajudou a fazê-lo acontecer.


Com o tempo, a FIRJAN chegou às UPPs e começou a mudar toda a estrutura física das mesmas, trazendo também muitos cursos e pessoal capacitado para trabalhar em prol dos moradores das comunidades.


Através da FIRJAN, eu conheci a Patrícia, uma bibliotecária muito inteligente e dedicada que vem me dando muito suporte e facilitando a minha entrada em novas comunidades.  


O que o Glauco, a Patrícia e eu fazemos, vai além de dar suporte, alegrar as tardes e incentivar a leitura das crianças, muitas delas demonstram carência em coisas básicas como carinho e atenção.


O meu projeto não foi criado para mudar o mundo ou mudar as crianças. Não vai dar uma condição de vida melhor para elas e talvez não mude muita coisa ou quase nada na vida das mesmas, mas eu acredito que faça alguma diferença. Se fizer pelo menos a uma criança, ele já está sendo efetivo em seu propósito.